22 de dezembro de 2013

Geniosas e Determinadas: Mapeando o Estilo de Vida de Portadoras da Síndrome dos Ovários Policísticos sob o olhar da Psicologia Analítica - Um estudo de Caso

Hoje, domingo 22 de dezembro de 2013 o Programa Fantástico exibiu uma reportagem sobre a Síndrome dos Ovários Policísticos. Interessante sincronicidade, pois há 6 anos em 20/12/2007 defendi minha dissertação de mestrado que abordou o tema sob a perspectiva psicológica.

Espero que esse estudo possa contribuir a todas as mulheres que sofrem com isso.



  
Resumo(s):
[pt]A presente pesquisa teve como objetivos: 1. Fazer leitura do conceito de estilo de vida a partir do olhar da psicologia analítica e 2. Verificar quais aspectos psicológicos refletem no estilo de vida das portadoras de SOP. Participaram deste estudo cinco portadoras de SOP, de acordo com o critério diagnóstico de Rotterdam de 2003, pacientes de um médico dermatologista especialista, particular. Os instrumentos utilizados foram entrevista semidirigida e questionário de qualidade de vida (WHOQOL-bref). Em levantamento bibliográfico, observamos uma falha que compromete todos os trabalhos que pretendem modificar o estilo de vida de portadoras de SOP. Em primeiro lugar, porque nenhum deles define conceitualmente o que entendem por estilo de vida e, em segundo, porque adotam uma concepção totalmente parcial, deixando subentendido que o referencial adotado pela medicina é o de interferir em qualquer aspecto que atrapalhe, ou interfira negativamente na saúde do indivíduo. A ênfase é dada em mudanças comportamentais, sendo que a intervenção ocorre em dois níveis: modificação alimentar e introdução de atividades físicas. Contudo, a introdução de hábitos, novos comportamentos, não leva em consideração os aspectos psicológicos envolvidos. Nos trabalhos que apontam tal dimensão, a visão do psicológico parece ser mecanicista, como um remédio a ser tomado. Sob o olhar da psicologia analítica propomos olhar o estilo de vida como um recurso mais pessoal do indivíduo. Seria equivalente a uma persona bem adaptada, flexível, que não massacra o eu, restringido a expectativas sociais, mas que o alimenta. Na população estudada, ter recebido o diagnóstico da SOP, seja direta ou indiretamente, pareceu uma possibilidade de ponto de ruptura da repetição para o estilo de vida das portadoras. Passaram a atentar para o fato de adotarem novos hábitos, relativos à alimentação e rotina, principalmente. Contudo, a mudança não se consolidou, pois os valores e crenças não foram mudados ainda. A escolha por um determinado estilo de vida pode ser consciente ou não, podendo ser influenciada tanto pela persona, quanto pela sombra. Adotando a possível leitura do estilo de vida a partir da psicologia analítica, observamos que querer modificar o estilo de vida, não é sinônimo de poder modificá-lo. Isso porque devemos levar em consideração a atuação do inconsciente na maneira como nos colocamos no mundo. De forma que a dificuldade em manter, a longo prazo, as modificações do estilo de vida de portadoras de SOP pode ser devida a essa negligência. Presas à persona profissional, por exemplo, mulheres esquecem outros aspectos de suas vidas, e até de si mesmas, trazendo diversos comprometimentos à saúde. Não olhando para si, não percebem que aspetos inconscientes podem estar atuando em seus comportamentos e escolhas. É importante que as pesquisas de SOP e estilo de vida o conceituem. Dessa forma, serão levados em consideração todos os aspectos envolvidos pelo conceito e assim resultados mais satisfatórios podem vir a serem encontrados. Nossa contribuição é a de que em qualquer programa de modificação de estilo de vida, a dimensão psicológica deve ser incorporada. A compreensão da dimensão psicológica do estilo de vida pode ser de grande valia. Os programas devem levar em consideração as particularidades psicológicas de cada participante: quais são seus valores, crenças, personalidade, como vêem a vida, tais características podem interferir positiva ou negativamente nos resultados da modificação
[en]The objectives of this research were to 1. Understand the concept of lifestyle from the perspective of analytical psychology. 2. Verify which psychological aspects reflect the lifestyle of the women diagnosed with PCOS. For this research five women diagnosed with PCOS were interviewed. The criteria used for the PCOS diagnose was the Rotterdam 2003. The interviewees were patients from a dermatology specialist who has a private practice. The instruments used were a semi-structured interview and a lifestyle questionnaire (WHOQOL-bref). In the bibliographical research it was observed that the researches that deal with lifestyle changes related to PCOS patients omitted important questions which compromised their results. Prior researches have not defined conceptually what is understood by lifestyle. These researches are also at fault because they adopt a conception of lifestyle which is partial. They take into consideration that medicine has a specific perspective of the human being, which is to intervene in any aspect considered an obstacle or that interferes negatively in an individual’s health. In these cases the emphasis is given to behavioral changes, being that the intervention occurs in two levels: changing dietary habits and introducing physical activity. However the introduction of new dietary habits does not take into consideration the psychological aspects involved. On the other hand the analyses that take into consideration the psyche, the psychological perspective used seems to be mechanized, as if it was a pill. Using the perspective of analytical psychology we propose to look at the lifestyle chosen by an individual as a personal resource. This is equivalent to a well adapted persona which is flexible and nourishes the individual, it does not massacre the ego restricting it to social expectations. The studied population, that received the PCOS diagnose directly or indirectly, saw in the diagnose a possibility of ending with their repetitious lifestyle. These women diagnosed with PCOS started to incorporate new habits, especially related to their eating and daily routine. However the changes brought by the diagnosis were not maintained because the values and beliefs that were attached to their lifestyle had still not changed. The choice for a specific lifestyle may be or may not be conscious. This choice may be influenced by the persona and by the shadow. When looking at this issue from an analytical psychological perspective it is observed that wanting to change one’s lifestyle does not mean being able to change it. This occurs because the influence of the unconscious in our lives should be taken into consideration when we analyze how we put ourselves in the world. Therefore the difficulty of these women to maintain their lifestyle changes may have happened because their unconscious was not taken into consideration. These women who may be too attached to their professional persona, for example, forget about other aspects of their lives, and even about themselves, all this may compromise their health. As a consequence of not being able to look at themselves they are not aware that unconscious aspects may be influencing their behavior and choices. Therefore it is important that the researches of PCOS and lifestyle conceptualize the lifestyle. In this manner all the different aspects involved in the concept of the lifestyle will be taken in consideration and better results can be found. Our contribution is that any program which envisions to change a lifestyle must incorporate the psychological dimension. The comprehension of the psychological dimension of a lifestyle may be very helpful. The programs must take into consideration the psychological particularities of each participant: what are their values, beliefs, personalities, and how they see life. These characteristics will interfere positively or negatively in the lifestyle change results
  
Titulação:Mestre em Psicologia Clínica
  
Contribuidor(es):
[Orientador]Marlise Aparecida Bassani
  
Assunto(s):
[pt]Psicologia analítica
[pt]Estilo de vida
[pt]Síndrome dos ovários policísticos
[en]Analytical psychology
[en]Lifestyle
[en]Polycystic ovary syndrome
[pt]PSICOLOGIA
[pt]Sindrome do ovario policistico -- Pacientes -- Aspectos psicologicos
[pt]Ovarios -- Doencas -- Aspectos psicologicos
  
Data da defesa:20/12/2007
  
Arquivo(s):
PDF - Geniosas e determinadas: mapeando o estilo de vida de portadores da sindrome dos ovários policísticos sob o olhar da psicologia analítica - um estudo de caso

8 de novembro de 2013

Por que o homem fica “grávido”?


Por Lilian Loureiro

 No primeiro artigo desta série falei sobre como a gravidez afeta as emoções da mulher, neste irei falar como a gravidez afeta o homem. 

A paternidade é um momento muito importante para o homem. Apesar de não sofrer todas as modificações orgânicas e biologias como a mulher, as transformações ocorrem emocional e psiquicamente e acabam repercutindo no interesse sexual pela companheira.

Síndrome de Couvade: o homem 'grávido'

Contrariando a visão corrente da psicanálise de que a mulher tem inveja do "pênis" do homem, durante a gravidez, em alguns casos o futuro pai desenvolve a chamada "Síndrome de Couvade" (4). Neste processo, é ativado no homem uma identificação e rivalidade com a mulher durante a gestação, em que são desencadeados sentimentos de empatia, em que o homem expressa o desejo de participar mais ativamente da gestação; e de uma certa inveja pela capacidade da mulher gestar um feto dentro de si. Nesta síndrome, há uma variedade de reações no homem, desde a ansiedade simples, até sintomas de uma gravidez, como enjôo, sono, desenvolvimento de barriga. Este processo pode afetar tanto positiva (aproximação e desejo sexual pela parceira), quanto negativamente a sexualidade do casal, dependendo da forma como o homem lida com a situação.

A gravidez, dependendo da criação do homem, desencadeia uma certa revivência edípica, de forma que gera fantasias incestuosas em relação à mãe/mulher, o que acaba desencadeando o desinteresse sexual pela companheira, dissociando desta maneira o sexo da vivência da maternidade, colocando a mulher na posição de "mãe-santa-assexuada" (6). Este fato pode ser ilustrado a partir do filme "Máfia no Divã", em que o mafioso interpretado por Robert de Niro, não se permite transar com a mulher, uma vez que é esta quem alimenta seus filhos. Mais uma vez aqui, podemos observar a dissociação entre Deméter e Afrodite, mas a partir da percepção do homem.
Além disso, o filho representa para o homem uma terceira "pessoinha" na relação dele com sua mulher, de forma que este pode ser vivenciado como um "estranho" com o qual terá que dividir o amor e a atenção da companheira, desencadeando, muitas vezes um certo desinteresse por ela (6).


Fontes

(1) BOLEN, Jean Shinoda.
As Deusas e a Mulher: nova psicologia das mulheres. Trad. Maria Lydia Remédio. São Paulo: Paulus, 1990.
(2) BROWN, Dan. O Código da Vinci. Trad. Celina Cavalcante. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
(3) JUNG, Carl Gustav. Memória, Sonhos e Reflexões. Trad. Dora Ferreira da Silva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 22ª edição.
(4) MALDONADO, Maria Teresa. Psicologia da Gravidez: Parto e Puerpério. São Paulo: Saraiva, 1999.
(5) MOREIRA, Maria Ignes Costa. Gravidez e Identidade do Casal. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos, 1997.
(6) SOIFER, Raquel. Psicologia da Gravidez, parto e puerpério. Trad. Ilka Valle de Carvalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1980.


(TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NA REVISTA ELETRÔNICA VYA ESTELAR, COLUNA AMOR EM 2005)

Como a gravidez afeta o casal

Por Lilian Loureiro

Com este artigo encerramos a série 'Gravidez e Sexualidade'. No primeiro falamos como a gravidez afetava as emoções da mulher, no segundo como afetava as emoções do homem e nesse terceiro falaremos como a gravidez afeta o casal.

No casal, a gravidez simboliza a "criança divina", fruto da transcendência entre o homem e a mulher. Precisamos ficar atentos para não cairmos num "psicologismo" e assim perdemos o caráter simbólico e transcendente da gravidez/sexualidade para o homem e a mulher.

A sexualidade não é restrita à função biológica, ela vai além do significado pessoal e biológico, uma vez que também encerra a função transcendente espiritual e luminosa que permite o contato com Deus (3). Esta era uma concepção muito comum na era pré-cristã, nas chamadas religiões pagãs, que acreditavam que o contado com Deus não se dava através de uma "instituição", mas sim por meio das coisas mais simples da natureza, incluindo aí, o sexo. 

Existiam rituais sagrados, como o "Hierogamos", em que o homem e a mulher se relacionavam sexualmente para se conectarem com Deus. Acreditava-se que no momento do orgasmo o homem conseguia manter a mente livre de pensamentos e assim conectava-se com Deus, sendo que a mulher era sagrada, por permitir tal conexão (2). Desta forma, a relação sexual era vista como sinônimo de comunicação e comunhão.

Com o cristianismo, tal concepção foi rompida, a mulher passou a ser mal vista pela sua sexualidade, e esta passou a ser vista como impura, suja, pecaminosa, indigna de mulher direita, e pior ainda, completamente dissociada da gravidez.

Tal dissociação infelizmente acaba interferindo no relacionamento do casal. O aspecto negativo da sexualidade está tão presente, que muitos casais ignoram completamente este contato durante a gestação (atuação de forma negativa das fantasias discutidas anteriormente), não se conectando com as divindades desta forma.

Há uma tribo indígena brasileira que habita a região do Mato Grosso do Sul, que acredita que o sêmen paterno é o alimento do embrião. Por conta disso, o sexo é praticado muitas vezes durante a gravidez, a fim de que o desenvolvimento da criança seja garantido (5).

O sexo durante a gestação dita normal, é excelente para todos os envolvidos: mãe/mulher, pai/homem, filho/integração, quando as fantasias que foram discutidas anteriormente ficam mais claras e conscientes, e tanto o homem e a mulher estão inseridos de forma plena nesta situação. Contudo, vale a pena ressaltar que o pré-natal é imprescindível para o acompanhamento da gestação. Há casos que "infelizmente" o "fazer amor" não é indicado.


Fontes:

(1) BOLEN, Jean Shinoda.
As Deusas e a Mulher: nova psicologia das mulheres. Trad. Maria Lydia Remédio. São Paulo: Paulus, 1990.
(2) BROWN, Dan. O Código da Vinci. Trad. Celina Cavalcante. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
(3) JUNG, Carl Gustav. Memória, Sonhos e Reflexões. Trad. Dora Ferreira da Silva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 22ª edição.
(4) MALDONADO, Maria Teresa. Psicologia da Gravidez: Parto e Puerpério. São Paulo: Saraiva, 1999.
(5) MOREIRA, Maria Ignes Costa. Gravidez e Identidade do Casal. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos, 1997.
(6) SOIFER, Raquel. Psicologia da Gravidez, parto e puerpério. Trad. Ilka Valle de Carvalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1980.


(TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NA REVISTA ELETRÔNICA VYA ESTELAR, COLUNA AMOR EM 2005)

Grávida? Saiba como a gravidez afeta suas emoções

Por Lilian Loureiro

A maternidade e a paternidade são vivências que transformam a identidade da mulher e do homem. Neste primeiro artigo, iremos discutir a repercussão desta questão na mulher; no segundo como a gravidez afeta o homem e no terceiro mostrando como a gravidez repercute no casal.
Como a gravidez afeta a mulher
A gravidez é um momento de profundas transformações, tanto no nível orgânico para a mulher, quanto no emocional para o casal. Para a mulher, além do corpo se modificar para poder abarcar uma nova vida, o psiquismo também precisa de uma transformação, uma vez que uma nova identidade começa a surgir: a de mãe. Em função disso, muitas vezes a gravidez modifica o relacionamento do casal e a percepção que se têm do corpo, o que muitas vezes acaba interferindo, tanto positiva, quanto negativamente na sexualidade do casal.
Como já foi discutido em nossos artigos anteriores, há uma cisão entre a mulher "pura", "de família", "a santa"; e a mais atirada, aberta aos seus desejos, "a prostituta", como se não fosse possível a coexistência de ambas de forma integrada em uma mulher. Tal cisão é muito freqüente durante a gravidez, de forma que o sexo é extinto. Para muitas pessoas é como se a maternidade e a lactação representassem a completa cisão entre esses dois aspectos da mulher, de modo que o sexo passa a ser visto como sujo, feio e maléfico para o bebê.
Em muitos casos, a mulher sente dificuldade em aceitar as modificações corporais durante a gravidez, sentindo-se feia, gorda não atraente para o parceiro e, portanto, não disponível para o relacionamento sexual. Além disso, também é comum o medo de que a relação sexual possa atingir e machucar o feto, de forma que a cisão maternidade/sexualidade tende a permanecer e/ou aumentar.

Deméter e Afrodite

Podemos entender esta cisão a partir de duas deusas gregas: Deméter e Afrodite. As deusas gregas representam características arquetípicas, potencialidades presentes em todos os seres humanos, sejam homens ou mulheres. Deméter representa arquetipicamente o aspecto mais maternal, voltado ao cuidado, proteção, nutrição, negligenciando muitas vezes a si mesma, em função de ser tão voltada a sua prole. Por conta disso, pode-se dizer que tanto na fase pré-natal como natal, este arquétipo está bem ativado. Apesar disso, as outras deusas também estão presentes, mas muitas vezes numa intensidade menor.
Afrodite por sua vez é a deusa do amor, que representa a sensualidade, a sexualidade, o belo, o corpo, o prazer. Também esta voltada para a procriação, mas não como Deméter que é mais focada na gravidez em si e no seu fruto, representada pelo bebê, mas sim na relação sexual propriamente dita e no prazer que é proporcionado a partir dela. Afrodite, enquanto arquétipo, também esta presente na gestação, algumas vezes cindido (separação santa X prostituta), mas outras, ativado.

Muitas mulheres têm a primeira experiência de orgasmo durante a gestação

Podemos compreender isso de duas maneiras:

a) Isso ocorre, porque com a vivência da maternidade, as mulheres assumem uma postura adulta, e se permitem uma sexualidade adulta (podem sentir prazer)
b) O arquétipo de Afrodite foi ativado pela gravidez, de forma que a mulher possa se sentir a vontade com sua própria sexualidade. Contudo, podemos resumir estas duas maneiras em uma: é como se o contato com Afrodite se desse com a gestação, de forma que este arquétipo foi ativado em conjunto com o de Deméter, sinalizando a potencialidade de integração de aspectos aparentemente contraditórios.


Fontes

(1) BOLEN, Jean Shinoda.
As Deusas e a Mulher: nova psicologia das mulheres. Trad. Maria Lydia Remédio. São Paulo: Paulus, 1990.
(2) BROWN, Dan. O Código da Vinci. Trad. Celina Cavalcante. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
(3) JUNG, Carl Gustav. Memória, Sonhos e Reflexões. Trad. Dora Ferreira da Silva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 22ª edição.
(4) MALDONADO, Maria Teresa. Psicologia da Gravidez: Parto e Puerpério. São Paulo: Saraiva, 1999.
(5) MOREIRA, Maria Ignes Costa. Gravidez e Identidade do Casal. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos, 1997.
(6) SOIFER, Raquel. Psicologia da Gravidez, parto e puerpério. Trad. Ilka Valle de Carvalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1980.


(TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NA REVISTA ELETRÔNICA VYA ESTELAR, COLUNA AMOR EM 2005)

5 de novembro de 2013

Como diz o ditado: Cada coisa é uma coisa

Desenvolver o workshop "Mulher: Desafios Contemporâneos", tem despertado muitas reflexões sobre os possíveis desdobramentos que esse encontro poderá propiciar.

Em paralelo, meu leque de atuação está em ampliação: agora além de Psicoterapeuta e Coach, em breve me tornarei Orientadora Profissional.

O workshop emergiu da combinação de dois fatores: 1. minha paixão em estudar e atuar no universo feminino e os desafios que nós mulheres enfrentamos diariamente; 2. demanda recorrente identificada no ICOP de mulheres que após a maternidade estavam repensando sua vida profissional. Foi do casamento dessas duas variáveis que o workshop nasceu.

E, assim como o nascimento de filho vira de ponta cabeça a vida de uma mulher, em minha fantasia, o workshop poderia aguçar, mobilizar questões relevantes na vida de alguma participante, que por sua vez, poderia vir a se interessar pelo acolhimento e elaboração de tais questões.

Prosseguindo em minha fantasia veio a dúvida: diante das três atuações, qual seria a mais indicada?

Eis que brotou em minha mente a seguinte metáfora que diferencia minhas três linhas de trabalho:

Imaginemos uma mulher que está em dúvida sobre qual roupa usar em uma determinada ocasião. Os anseios de tal mulher podem se resumir das seguintes maneiras:

1. Ela tem uma ideia, mas não sabe como escolher, como decidir diante de tantas possibilidades. Ou até sabe, mas não se sente segura para tomar essa decisão.  Neste caso, o mais apropriado é a Orientação Profissional, que é um processo focado no autoconhecimento direcionado para escolhas importantes que terão impacto no futuro.

2. Agora imaginemos que essa mulher saiba o que quer vestir, mas seu armário está tão bagunçado que ela não consegue encontrar nada! Neste caso, o mais indicado seria o Life Coaching, que tem por objetivo organizar áreas da vida através do desenvolvimento de competências específicas, no caso, organização.

3. Por fim, essa mulher não faz a menor ideia do que vestir, do que fazer. A bagunça está tão grande que ela não sabe nem por onde começar... Ai, entra a Psicoterapia, que tem por objetivo entender e elaborar emocionalmente o momento atual. Primeiro é preciso organizar as emoções, saber por onde começar, para daí sim organizar o armário e assim ficar mais fácil escolher com que roupa deve ir...

Todas as atuações tem sua relevância e importância, o enfoque dependerá de qual o momento e quais as questões que o possível cliente apresenta. Por isso o título, "Cada coisa é uma coisa".




29 de outubro de 2013

É primavera

Adoro a primavera, momento em que as sementes semeadas começam a florescer. Que oportuno iniciar uma nova etapa de minha vida profissional na estação mais bela do ano! Época do florescimento, do desabrochar das potencialidades contidas...

E mais uma vez em minha vida a sincronicidade se fez presente. Desde que comecei a planejar e organizar minha atuação profissional aqui em Curitiba, a imagem que mais se fazia presente era do meu início como psicóloga em SP. Mais especificamente a escolha do local onde iria atuar. Costumo dizer que não foi eu quem escolhi, mas a sala quem me escolheu! Um quadro: a imagem de um GIRASSOL. No momento em que o visualizei, tive a certeza de que era ali que começaria minha nova jornada!

Assim como o girassol busca a luz, meu início como psicoterapeuta foi radiante. Segunda semana no meu singelo horário, já estava com minha primeira paciente. Que vivência maravilhosa! A confirmação da escolha da sala estava dada!

Atuar aqui em Curitiba é um re-começo. Uma cidade nova, onde não conheço ninguém, não tenho colegas de faculdades, professores, pacientes que são as principais redes de encaminhamento. Uau, que desafio começar do zero...

Não tão zero assim, pois tenho comigo toda a bagagem, experiência de 10 anos clinicando e acompanhando processos belíssimos, que por sinal deixam muita saudade. A partir desse resgate que veio a ideia do logo para o meu cartão: resgatar a energia do girassol, símbolo do meu primeiro começo.

Feito isso, comecei a buscar possíveis parcerias e nessas andanças eis que encontro o ICOP (que tem como símbolo uma árvore), especificamente Rafaela, que desde o início foi aberta e receptiva às potencialidades que poderíamos vir a desenvolver juntas.

E justamente no início da primavera que nossa parceria foi selada e com ela muitas sementes jogadas ao vento, em busca do terreno certo para cair e germinar. Se tais sementes serão árvore ou girassol, não dá para prever, mas as possibilidades são infinitas...

Muito feliz com meu re-começo profissional e com os possíveis frutos que virão dessa parceria. Assim como da primeira vez, as confirmações estão vindo.

ICOP, Rafaela de Faria muito obrigada pela abertura e confiança!

Um beijo,

Lilian

7 de agosto de 2013

Depoimento processo de Coaching - H. M.

"O processo de executive coaching superou minhas expectativas. Para começar, eu imaginava que seria um processo com uma "fórmula padrão" para chegar nos objetivos e na realidade o processo é muito personalizado. É necessário muito comprometimento, pois precisamos utilizar no dia a dia o que é discutido no coaching para chegarmos aos resultados. Ao final do processo notei que diversas respostas aos meus problemas estavam na minha frente, mas eu não enxergava. Outro resultado que obtive foi que trabalhei sobre uma habilidade, porém com a melhoria desta habilidade outras também foram desenvolvidas."
H. M. 26/06/2013.

Coaching X Psicoterapia

Como minha área de atuação foi ampliada, além de psicóloga agora sou coach também, achei interessante e oportuno falar sobre sobre essas duas formas de atuação.

Em post bastante antigo, Desmistificando a Psicoterpia (9 de junho de 2009), abordo mais profundamente a questão da Psicoterpia. Agora, vou explicar as diferenças desses dois processos.

Apesar do título parecer um duelo, quero deixo claro que não se trata disso. Coaching não é melhor que Psicoterapia, nem vice-versa. São processos distintos, com focos diferentes e um ou outro pode ser mais adequado, dependendo da demanda apresentada e do momento que a pessoa interessada se encontra.

Coaching e um processo focado no futuro, em um objetivo final, em uma meta a ser atingida. É um processo de começo, meio e fim. Você quer conquistar algo, mas para isso precisa desenvolver competências e comportamentos específicos para chegar a esse fim. Desta forma, entende-se que o indíviduo que procura o Coaching está psiquicamente saudável, sem traumas ou questões emocionais que possam atrapalhar o processo. Como mencionei, o foco está no futuro! Eu quero, eu desenvolvo, eu consigo!

A pessoa tem que estar preparada e engajada para o processo de coaching. Precisa ter energia, porque desenvolver competências exige muita dedicação, treino, disposição. É claro que dificuldades aparecerão ao longo do processo e existem muitos recursos para lidarmos com elas, mas volto a frisar: o foco está no futuro, na meta e não em aprofundar a questão emocional que está na base na dificuldade.

Questões emocionais entram no campo da Psicoterapia, é neste processo que abordaremos profundamente as emoções, os conflitos, os traumas e aí é inevitável termos que revisitar o passado. Na Psicoterapia, também temos o foco no futuro, mas é um foco diferente,  na organização das nossas bagunças emocionais.

Diria até que são processos complementares. Pode ocorrer de durante o processo de Coaching esbarrarmos em uma questão emocional importante, diretamente relacionada à meta, que precise ser trabalhada para que a meta possa ser atingida. Aí é que vemos a complementariedade: a Psicoterapia entra como um braço auxiliar no processo de Coaching. Contudo, é importantíssimo deixar claro que mesmo sendo um braço, é um processo distinto, o que implica uma outra relação com outro profissional. Por exemplo, mesmo sendo coach e psicóloga jamais poderei atender simultaneamente uma pessoa em Coaching e Psicoterapia. Além de antiético é anti produtivo! Como diz o ditado popular: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...

O mesmo pode acontecer com a Psicoterapia, ao londo do processo, a pessoa percebe o desejo de conquistar algo, por exemplo, uma promoção profissional, mas para  atingir isso tem que melhorar suas habilidades de liderança. Aí entra o Coaching, também paralelo e complementar ao processo psicoterapêutico.

Espero ter esclarecido as diferenças e riquezas desses processos que estão a serviço do autoconhecimento. Até mais.

De volta outra vez

Nossa, faz extamente 1 ano desde a última publicação! Tanta coisa aconteceu em minha vida nesse intervalo que o Blog precisou temporariamente ser deixado de lado...

Mudança nos consome demais. Mudar de casa dá um trabalho, quem já mudou, sabe disso. Primeiro encaixota tudo, depois desencaixota... Em 2012 passei por nada mais, nada menos do que três mudanças: duas de casa e uma de estado. As duas primeiras programadas, a última no susto! Bom, acho que dá para entender porque me ausentei por tanto tempo.

Mudei de São Paulo para Curitiba. Agora, devidamente instalada e adaptada à minha nova realidade posso voltar a me dedicar ao meu Blog.



Blog repaginado. Com tantas mudanças, ele não poderia passar imune: seu título foi alterado, deixou de ser restrito à psicologia. Afinal, eu também mudei. No início desse ano concluí minha formação em Coaching, que tem uma proposta distinta da Psicoterapia, mas que também está a serviço do processo de autoconhecimento. Continuo psicóloga, amando o que faço, e agora Coach também!

Portanto, a partir desse momento o Blog chamará: OS DESAFIOS DO AUTOCONHECIMENTO. Espero que gostem das novas contribuições que trarei. Até mais.


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Fernando Pessoa