Por Lilian
Loureiro
Com este artigo encerramos a série 'Gravidez e Sexualidade'.
No primeiro falamos como a gravidez afetava as emoções da mulher, no segundo
como afetava as emoções do homem e nesse terceiro falaremos como a gravidez
afeta o casal.
No casal, a gravidez simboliza a "criança divina", fruto da transcendência entre o homem e a mulher. Precisamos ficar atentos para não cairmos num "psicologismo" e assim perdemos o caráter simbólico e transcendente da gravidez/sexualidade para o homem e a mulher.
No casal, a gravidez simboliza a "criança divina", fruto da transcendência entre o homem e a mulher. Precisamos ficar atentos para não cairmos num "psicologismo" e assim perdemos o caráter simbólico e transcendente da gravidez/sexualidade para o homem e a mulher.
A sexualidade não é restrita à função biológica, ela vai
além do significado pessoal e biológico, uma vez que também encerra a função
transcendente espiritual e luminosa que permite o contato com Deus (3). Esta
era uma concepção muito comum na era pré-cristã, nas chamadas religiões pagãs,
que acreditavam que o contado com Deus não se dava através de uma
"instituição", mas sim por meio das coisas mais simples da natureza,
incluindo aí, o sexo.
Existiam rituais sagrados, como o "Hierogamos",
em que o homem e a mulher se relacionavam sexualmente para se conectarem com
Deus. Acreditava-se que no momento do orgasmo o homem conseguia manter a mente
livre de pensamentos e assim conectava-se com Deus, sendo que a mulher era
sagrada, por permitir tal conexão (2). Desta forma, a relação sexual era vista
como sinônimo de comunicação e comunhão.
Com o cristianismo, tal concepção foi rompida, a mulher
passou a ser mal vista pela sua sexualidade, e esta passou a ser vista como
impura, suja, pecaminosa, indigna de mulher direita, e pior ainda,
completamente dissociada da gravidez.
Tal dissociação infelizmente acaba interferindo no
relacionamento do casal. O aspecto negativo da sexualidade está tão presente,
que muitos casais ignoram completamente este contato durante a gestação
(atuação de forma negativa das fantasias discutidas anteriormente), não se
conectando com as divindades desta forma.
Há uma tribo indígena brasileira que habita a região do Mato
Grosso do Sul, que acredita que o sêmen paterno é o alimento do embrião. Por
conta disso, o sexo é praticado muitas vezes durante a gravidez, a fim de que o
desenvolvimento da criança seja garantido (5).
O sexo durante a gestação dita normal, é excelente para
todos os envolvidos: mãe/mulher, pai/homem, filho/integração, quando as
fantasias que foram discutidas anteriormente ficam mais claras e conscientes, e
tanto o homem e a mulher estão inseridos de forma plena nesta situação.
Contudo, vale a pena ressaltar que o pré-natal é imprescindível para o
acompanhamento da gestação. Há casos que "infelizmente" o "fazer
amor" não é indicado.
Fontes:
(1) BOLEN, Jean Shinoda. As Deusas e a Mulher: nova psicologia das mulheres. Trad. Maria Lydia Remédio. São Paulo: Paulus, 1990.
(2) BROWN, Dan. O Código da Vinci. Trad. Celina Cavalcante. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
(3) JUNG, Carl Gustav. Memória, Sonhos e Reflexões. Trad. Dora Ferreira da Silva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 22ª edição.
(4) MALDONADO, Maria Teresa. Psicologia da Gravidez: Parto e Puerpério. São Paulo: Saraiva, 1999.
(5) MOREIRA, Maria Ignes Costa. Gravidez e Identidade do Casal. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos, 1997.
(6) SOIFER, Raquel. Psicologia da Gravidez, parto e puerpério. Trad. Ilka Valle de Carvalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1980.
(TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NA REVISTA ELETRÔNICA VYA ESTELAR, COLUNA AMOR EM 2005)
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Lilian Loureiro