27 de novembro de 2014

Psicoterpia e Coaching são processos contraditórios?

Já escrevi um post explicando os diferentes serviços que executo: Psicoterapia, Coaching e Orientação Profissional. Na ocasião utilizei uma linguagem mais metafórica (Como o ditado diz: Cada coisa em seu lugar - 5 de novembro de 2013). Também já escrevi um post explicando especificamente as diferenças entre os processo (Psicoterapia X Coaching - 7 agosto de 2013).

Como são posts mais antigos, hoje retomarei o tema, pois uma dúvida chegou a mim: tais processos não seriam contraditórios?

A resposta é não! E a explicação é que seus objetivos e focos são distintos. Enquanto o Coaching foca em ação, resultado, futuro; a Psicoterapia foca em sentimentos, emoções, alívio e muitas vezes em revisão do passado. Desta forma, não só não são contraditórios, mas podem ser complementares. Tenho alguns pacientes de Psicoterapia inclusive que passam concomitantemente pelo Coaching (com outro profissional) e ambos os processos se complementam e se alimentam. Ou que finalizaram o Coaching e perceberam que a dificuldade para implementar algumas metas e atingir resultados mais expressivos era decorrente de questões emocionais mais profundas, que o Coaching não podia dar conta.

Coaching é um processo de começo, meio e fim. Entre 10 e 12 sessões focamos no problema, estabelecemos a meta a ser atingida, elaboramos o plano de ação e acompanhamos o passo-a-passo, identificando e trabalhando com os possíveis obstáculos que atrapalhem o processo. O foco é no comportamento/competência a ser desenvolvida para que cheguemos ao objetivo esperado.

A Psicoterapia por sua vez, tem começo, meio, mas o fim não dá para dizer quando, se em 10 sessões ou em 100. O objetivo é acolher e elaborar medos angústias, ansiedade e identificar e desenvolver talentos e potencialidades. Contudo, não tem como prever um período de tempo específico para que isso aconteça. Cada pessoa, cada processo tem seu tempo próprio e no universo psicoterapêutico é importante respeitarmos isso.

Ambos são processos lindíssimos, promotores de autoconhecimento, que para mim é a ferramenta mais poderosa que pode existir. Quando conhecemos nossas fortalezas e vulnerabilidades, as dificuldades, os imprevistos não nos atingem tanto. Se tais intempéries por ventura nos derrubarem, sabendo quem somos e como funcionamos, fica muito mais fácil nos levantarmos.

Enfim, esta é minha contribuição de hoje. Espero que aproveitem e reflitam, qual seria o processo mais pertinente a seu caso: desenvolver competências que sabe que precisa para chegar lá; ou cuidar das emoções que te atrapalham para chegar nisso? Nada impede que sejam ambos... 

Até breve.

Abraço,
Lilian Loureiro

25 de novembro de 2014

Antes de mãe, mulher

No post de hoje irei abordar um tema que particularmente adoro: a mulher!

Estudar o universo feminino faz parte de minha trajetória pessoal e profissional e desde a faculdade me dedico a esse tema. Minha dissertação de mestrado inclusive explorou esse universo.

Hoje, quero falar particularmente sobre os impactos da maternidade na vida de uma mulher. Não vou abordar a relação mãe-filho em si, mas sim as implicações psicológicas que o "ser mãe" traz para a vida da mulher. Desta forma, talvez eu tire um pouco o lado mimoso do tema...

Em minha concepção, acho que todas as mães deveriam fazer terapia pós maternidade. Não importa em que momento, se logo depois do parto, depois de um ano, dois, enfim, só acho que deveríamos ter um espaço garantido para acolher e elaborar todas as mudanças emocionais e psicológicas que a maternidade provoca. Mesmo a maternidade mais tranquila seria beneficiada por esse momento.

Quando um bebê nasce, deixa nosso corpo uma bagunça. Com sua saída, um buraco enorme fica e leva um tempo até que todos os órgãos se ajeitem internamente após o parto. Psicologicamente o mesmo acontece, com a diferença de que ao invés de sobrar espaço com a saída do bebê, precisa-se criar espaço para uma nova identidade: ser mãe. E aí que a bagunça começa.

Até então, era uma rotina, alguns "papéis" para desempenhar e eis que com a chegada de um novo ser, totalmente dependente de nós, nosso mundo desmorona para ser reconstruído em novos moldes. O que funcionava antes passa a não valer mais.

Medos, angustias, inseguranças de todos os tipos veem a tona e não sabemos o que fazer com eles. Na grande maioria das vezes inclusive, se quer temos tempo para lidar com eles. Temos que nos dividir em mil: o bebê, outros filhos se for o caso, marido, casa, trabalho e vamos ficando relegadas a um segundo plano para poder dar conta de tudo.

E nesse ponto cometemos um grande pecado e todos os desarranjos subsequentes são decorrentes disso. De repente o filho não tá bem, o trabalho também, casamento, enfim... Quando mais tentamos dar conta de tudo sem olhar para nós mesmas, pior a situação fica. Temos que estar bem, para o entorno estar bem também. O meio começa apenas a dar sinais da nossa bagunça interna e não nos damos conta desse reflexo. É como Jung diz, o que está dentro, está fora...

Por isso que afirmo tão enfaticamente que para mim todas as mães deveriam vivenciar a experiência da terapia. Ter 1 hora uma vez por semana, única e exclusivamente para si, para falar do que quiser, se olhar, se organizar, se fortalecer. Arrumar a bagunça interna que a entrada de uma nova identidade provocou e perceber o quão forte, guerreira e especial se é! Ufa, que alívio ter espaço para acomodar tantas coisas novas, se desfazer de outras que muitas vezes ocupam um espaço danado que precisa ser liberado para o novo poder entrar.

Já ouvi muito: "mas não acho justo deixar de ficar hora com meu bebê, já trabalho tanto, tenho tão pouco tempo com ele..." É como sempre digo para meus pacientes e clientes sobre a metáfora do avião. "Em caso de despressurização da cabine máscaras cairão. Coloque-a primeiro em VOCÊ, só depois em crianças e idosos que estiverem a seu lado." Há uma razão para isso, você tem que estar bem para poder ajudar e até salvar quem está a seu lado. Olhar e cuidar de si não é egoísmo é NECESSIDADE!!!

Assim que eu encerro este post "mamães". Espero que ele abra margens para reflexões: será que você está cuidando bem de si?

Até breve.