5 de agosto de 2009

Os desafios da comunicação...


Hoje, meu almoço foi um tanto quanto filosófico, eu diria... No finalzinho dele ocorreu um acontecimento que me fez refletir acerca da importância da comunicação nos relacionamentos interpessoais.

“Comunicação” pode ser entendida como a relação entre o interlocutor, que emiti uma mensagem e o receptor, que a recebe. A relação pode parecer simples, mas está longe de ser. Receber a informação corretamente, não é tarefa simples, eu diria que é extremamente complexa. O primeiro complicador disso, a meu ver, é a língua. Por mais parecido que seja para um leigo, um chinês não vai entender um japonês se não souber japonês e vice-versa.

Quem nunca cometeu uma gafe com os famosos “false friend”, tanto no inglês quanto no espanhol, ao adotar uma palavra semelhante do português, achando que está abafando... Ou mesmo com o português de Portugal. O pedido de simples pãozinho de um português para um brasileiro, pode gerar muita confusão...

Isso porque, infelizmente, em grande parte das vezes não ouvimos o que o outro tem a nos dizer de fato. No caso da língua, precisamos aprender a língua falada pelo interlocutor, para poder compreender fidedignamente. É como se diante de uma mensagem desconhecida, nosso receptor editasse a informação a partir do referencial que temos, de forma que nossa compreensão fica distorcida: não ouvimos o que a pessoa de fato fala, mas o que podemos ouvir naquele momento. No caso do pão, o pedido por ser ouvido como uma tremenda ofensa.

Esse mesmo descompasso entre diferentes línguas faladas acontece com pessoas que falam a mesma língua. Pois é, quem nunca vivenciou uma situação constrangedora na qual não ouviu de fato o que outro falou, mas uma coisa complemente diferente? Aquela brincadeira de criança, o “telefone sem fio” ilustra bem o que estou tentando falar: a história começa com avião e termina com navio. A mensagem, ao passar de ouvido em ouvido vai sendo distorcida e cada uma vai compreendendo do jeito que pode e dificilmente chega no último, como de fato começou.

Acho que minha reflexão está filosófica de mais, deixe-me ilustrar com meu almoço para ficar mais fácil de entender. Fui almoçar em um restaurante japonês com uma amiga. Quando estava terminando a sobremesa o garçom veio perguntar se queríamos um café ou um banchá. Naquele instante achei que estava ouvindo uma coisa absurda: “estou terminando minha sobremesa e o cara vem oferecer aquela sopinha...” No momento em que ouvi, meu digníssimo cérebro processou “banchá”, que é o famoso chá verde, digestivo, ótimo após a refeição, com o missoshiro, que daí sim é a sopinha. Assim que o garçom ofereceu, a imagem que se formou em minha mente foi do potinho de sopa. Na hora, cai na tentação de julgar o garçom como um louco sem noção, que alias estava fazendo seu trabalho muito bem feito, simplesmente porque tinha ouvido errado o que ele havia oferecido. A única louca sem noção nessa história: eu. Logo caí em mim, graças a deus alias, pois se tivesse falado o que havia pensado, seria uma gafe daquelas... rs

Tirando o mico da experiência, acho que ilustra muito bem o que tentei explicar com “confusões” geradas pela forma como nos comunicamos. É um exemplo bobo, mas nos remete a pensar em tantas outras ocasiões, nas quais não conseguimos ouvir o que de fato o outro tem a nos dizer.

Nas relações de trabalho isso é extremamente comum. Já perdi as contas do número de vezes que ouvi pacientes se queixando do chefe porque fez a tarefa, mas não ficou do jeito que ele queria. Exemplo: o chefe pede que se “faça um relatório”; a pessoa ouve e a imagem que se processa em sua mente é de um lindo gráfico, condensando todas aquelas informações de forma colorida, o que a pessoa faz. Daí, ela vai feliz e contente apresentar o resultado de seu trabalho ao chefe, que dá um esporro danado por que não foi aquilo que pediu... O que acaba por gerar desconfortos, incompreensão e mal entendidos.

Por isso a importância de alinhar as expectativas: o que o funcionário entende por relatório, pode ser completamente diferente da compreensão do chefe. Portanto, para beneficio de ambos, vale a pena checar. Falar a mesma “língua” é bastante indicado nesse caso.

Nunca canso de dizer: sempre que ouvir algo, cheque se compreendeu corretamente, não a partir do próprio referencial, mas sim do referencial do interlocutor: “me vê um pãozinho no português de Portugal”, ouvido corretamente, só quer dizer “me vê um pãozinho” ... Alinhe a informação que recebeu com quem a falou. Exercício como esse pode ser surpreendente. É melhor pecar pela checagem do que correr o risco de entender completamente errado e precisar passar por um mico tremendo, ou ter que fazer a mesma coisa mais de uma vez. Enfim, exemplos, são inúmeros...


Lilian Loureiro

3 de agosto de 2009

Afinal o que é Método Birkman?

No post anterior falei como minha relação com o Método Birkman ocorreu, mas fica a pergunta: o que é afinal o Método Birkman?

Acho que a melhor maneira de defini-lo é falando um pouco sobre seu criador. Foi Roger Birkman, Ph. D em psicologia, ex-piloto de bombardeiro na II Guerra Mundial quem o desenvolveu. Enquanto lutava pelas forças armadas norte America observava episódios recorrentes que o intrigava: o testemunho de momentos em que seus companheiros, diante de uma forte tensão, desperdiçavam munições valiosas nos alvos que percebiam que estavam lá, quando não estavam.

Vivenciando isso, Roger identificou sua fonte de interesse no comportamento humano: a percepção. Desde então, tem tentado identificar, analisar e aprender como eliminar muitos outros tipos de problemas de percepção, afinal disperdiçar munições em alvos que não existem, significa poder não dispor no momento necessário.

O método Birkman foi criado na década de 40, pós II Guerra Mundial e vem sendo aperfeiçoado e aprimorado desde então. A primeira versão do instrumento chamava-se “Teste da compreensão social”, que foi aperfeiçoada em 1951 na tese de doutorado de Birkman. Hoje o instrumento está muito mais refinado e apurado. Foi desenvolvido todo um sistema de informática capaz de gerar o relatório, após o questionário ser respondido em minutos. Testes-retestes, fidedignidade, validação são constantemente realizados, através do banco de dados de mais de 50 anos. A título de curiosidade: o método já passou por sete revisões.

Desde os primórdios, Birkman estava convencido de que poderia criar um instrumento muito necessário, capaz de medir: Expectativas sociais, Auto-conceitos, Interesses, Comportamentos Sob Tensão, Comportamento usual, tudo isso através de uma única ferramenta de avaliação. E foi o que de fato conseguiu. O Birkman Method® avalia comportamentos no ambiente de trabalho a partir da análise de:
– Necessidades subjacentes
– Motivações
– Comportamentos sob tensão
– Orientação organizacional

Desta forma, o Método Birkman constitui-se como um instrumento de grande valor, tanto para organizações como indivíduos. A experiência do instrumento com empresas mostra que um problema entendido por uma pessoa, pode não ser um problema entendido por todos, como o exemplo que ilustrei no post anterior.

Possibilita aumentar os níveis de desempenho do indivíduo e da equipe e reduzir comportamentos de stress. As possibilidades de aplicação são inúmeras:
• Desenvolvimento da liderança.
• Seleção de profissionais.
• Coaching individual e de equipes.
• Orientação e transição de carreira.
• Formação e integração de equipes de trabalho.
• Gestão de talentos e da diversidade de estilos profissionais.
• Gerenciamento de conflitos e de estresse.
• Oferece informações valiosas para o desenvolvimento de competências e o aumento de desempenho.
• Facilita a tomada de decisão em seleção e contratação de profissionais.
• Apresenta indicadores fundamentais para planejar estratégias de retenção de talentos.
• Fornece subsídios para o planejamento e o desenvolvimento de carreiras.
• Integra diversas informações sobre aspectos relacionais e ocupacionais de forma inteligente em uma mesma ferramenta.
• Potencializa o sucesso do alinhamento organizacional.

O que Roger Birkman com tantos anos de pesquisa pode observar é que pessoas são elas mesmas quando estão relaxadas, mas comportam-se diferentemente quando experienciam tensão. É possível observar as ações de uma pessoa e determinar se ela está ou não constantemente estressada. Quando você identifica uma dada condição, você saberá como responder à pessoa de uma maneira que irá ajudá-la mais. Portanto, este instrumento ajudar a compreender porque as pessoas agem do jeito que agem. Essa simples habilidade facilitará insights não somente em relações interpessoais e interações no trabalho, melhor que isso, ajudará a compreender porque uma pessoa faz as coisas do jeito que faz, uma vez que seu propósito principal é avaliar a percepção para assim poder alterá-la. Por isso é um excelente recurso para auxiliar a pessoa a avaliar quão freqüentemente ocorram situações em que nossa percepção fica distorcida. Quando você percebe as coisas corretamente e faz uma suposição válida baseada em sua percepção correta, você pode ser otimista e cheio de esperança.

Enfim, espero ter contribuído para a apresentação deste instrumento tão especial.

Lilian Loureiro